Teologia & Carisma: Primeiras
reflexões e Boas- Vindas!
A Fé
não é necessariamente o oposto da razão. É essencialmente o oposto do racionalismo, haja vista, o racionalismo
se define, grosso modo, pela aceitação somente daquilo que pode ser
compreendido pela razão empírica. Da razão não, pois o próprio apóstolo Paulo
exortava aos irmãos romanos a oferecer a Deus “culto racional” (Romanos 12.1),
enquanto o apóstolo Pedro encoraja-nos a “dar razão da nossa esperança” (I
Pedro 3.15). Todavia, a Fé transcende-a, isso, indiscutivelmente. Portanto o
pressuposto básico para a Teologia é a Fé. Sem a premissa da Fé é “perca de
tempo” debruçar-se sobre tal “ciência”. O pastor e teólogo neo-ortodoxo Karl
Barth (1886-1968) já acentuava em sua obra “Introdução
a Teologia Evangélica” (Ed. Sinodal. 2007) que “A Fé não é o tema central
da Teologia é apenas o pressuposto básico para adentrar no mundo dela” (P.
64-65). Assim, teologia é “ciência livre”, isto é, não está submetida aos
pressupostos dos arcabouços metodológicos das filosofias e teorias humanas.
Primeiro porque a teologia não tem um “objeto” na acepção científica da
palavra; o que seria seu “objeto” é simplesmente, o próprio Deus manifesto.
Sendo assim, não partem de premissas ideológicas humanas as definições deste
“objeto”. Pelo contrário a Teologia parte da revelação, ou seja, nada podemos conhecer que não seja a partir da revelação. Como bem pontuou Barth “A Teologia
não é ciência que revela Deus, mas que perscruta a revelação do Deus
auto-revelado” (Ibid. Página 10). Paulo elucida isso quando aponta o fato de
que Deus “habita em luz inacessível” (I Timóteo 6.16), portanto a teologia é
“ciência do alto”, porque só temos acesso a Deus, tendo em consideração que Ele
próprio se torna acessível. Se Deus não se revelasse, ficaríamos condenados a
obscuridade e ignorância. Mas ele quis revelar-se, portanto, a Teologia é a incansável
tentativa humana de conhecer o “Deus que se revela”. Deste modo, sem fé não há Teologia,
Teologia pura, bíblica, não mesmo. Cabe observar, ainda assim que Teologia é um
atrevimento humano. Sistematizar a revelação,
tarefa ariscada, perigosa por correr o risco de “empacotar Deus em sistemas”. Deus
é transcendente, ainda que imanente. Mas cremos (e o cremos é o fundamento da
espiritualidade cristã) que esse Deus se revela e sua revelação nos permite
teologar, isto é, fazer Theos= (Deus) + Logia (Estudo), estudar o que Deus
revela de si mesmo, e então “conhecer e prosseguir em conhecer ao Senhor“
(Oséias 6.6).
Fundamentalmente Ele Revela-se na
pessoa de Cristo Jesus, o bendito “Verbo que se fez carne” (João 1.1), Aquele
que é a “imagem do Deus invisível” (Colossenses 1.15), o legítimo Emanuel (Deus
conosco) de Isaías 9.6. E se revela objetivamente através das Escrituras
Sagradas (A Bíblia). Não por acaso que os apóstolos atestaram sua inspiração
divina (II Timóteo 3.15-16; II Pedro 1.21). Por isso, fazemos coro a Martinho
Lutero (1483-1546) e nos sentimos sim “filhos da reforma”, pois exclamamos
“Sola Scriptura!”, ou seja, “Somente a Escritura!”. Como pentecostal clássico
não nego a importância da experiência, pois é nela que vivenciamos
experimentalmente “Cristo em nós” (Colossenses 1.27), donde podemos testemunhar
as “Grandes coisas que o Senhor fez por nós” (Salmos 126.3), todavia somente
tendo o aval das Escrituras. Nenhuma experiência pessoal (pentecostal) supera
ou subjuga as Escrituras, antes, “examinamos as Escrituras conferindo se tais
coisas são assim” (Atos 17.10-12). A ordem é inversa.
Assim, a Teologia a ser refletida neste
blog é Cristocêntrica (pois está centrada na pessoa de Cristo) é sim
protestante/reformada (pois não trai nenhuma das Cinco Solas da Reforma) e
também é carismática (pois enfoca a pessoa do Espírito Santo e os carismas
nele/por ele distribuídos e disponíveis á Igreja). A palavra carisma em Teologia dogmática diz
respeito aos dons do Espírito Santo dados a Igreja sendo indispensáveis para
dois trabalhos cardinais em nossa caminhada 1) A proclamação do Evangelho ao
mundo (Mateus 28.19; Marcos 16.15; Atos 1.8); 2) A edificação do corpo de
Cristo- A própria Igreja (I Coríntios 12-14). Cremos na pessoa do Espírito
Santo, na significância crucial dele na vida da Igreja (João 16-17), abraçamos
o credo Constantinopolitano (381 d.C) onde os “pais da Igreja” debruçam-se
sobre a pneumatologia bíblica donde fundamentam a individualidade do Espírito Santo
(como pessoa) e sua deidade e comunhão no mistério trinitário (Deus quanto à substância).
Cremos na continuidade e contemporaneidade dos dons (onde nas Escrituras dizem
que eles cessaram?). Enfim, haverá, se Deus quiser, tampo hábil para
desdobrarmos em que cremos, porque cremos, etc. Que você prezado leitor e todos
aqueles que são amantes da teologia e convictos dos carismas do Espírito Santo
não como algo memorável relegado aos tempos remotos, mas disponibilizados a
Igreja contemporânea, encontrem nesse pequeno espaço, um lugar comum. Bem vindo
à Teologia & Carisma!
No amor de Cristo (II Coríntios 5.14);
Na comunhão dos irmãos (Salmo 133.1);
Sob o fundamento dos apóstolos e
profetas (Efésios 2.20-21);
Walace Alexsander A. Cruz
Graça e paz irmão Walace. Sou membro de uma igreja batista tradicional ( cessacionista ) a 3 anos ,mas convertido em uma igreja pentecostal, na qual pelas experiências que tive creio na continuidade dos dos espirituais. Recentemente comprei dois livros :a manifestação do Espírito de D.A. Carson um cessacionista e Paulo o Espírito e o povo de Deus de Gordon D. FEE um pentecostal a fim de ver o ponto vista de ambos os lados. Mas vou ser cincero, ainda não li nenhum dos dois rsrsrs. O fato é que muitos tem abusado dos dons ( sem generalizar) e deixado de pregar o evangelho e dão mais ênfase a revelações egocêntricas e antropocêntrica,principalmente aqui onde moro isso acontece muito. Já que o projeto de Deus é nos moldar à imagem de Cristo seja como indivíduos e como comunidade onde falta as boas novas de Cristo como alicerce sobra individualismo e egocentrismo. Talvez tenha feito a opção errada pelo mais fácil , entrar numa comunidade que tem a mente mais focada no evangelho do que tentar expor ( não impor) ele. Essa por enquanto é minha condição , continuista em uma comunidade cessacionista . Espero alcançar uma maturidade suficiente que me de coragem para poder contribuir de alguma forma com meus irmãos pentecostais daqui. Deixo claro aqui também que sou apenas um leigo em busca de crescimento na graça e no conhecimento de Cristo para de alguma forma se for da vontade do Pai servir de instrumento em seus propósitos. Por isso fiquei muito feliz por conhecer o irmão e seus blogs que tem me ajudado muito nessa caminhada. Abraço
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